Câmara Municipal de Pelotas

A arquitetura brasileira possui na união entre objeto e paisagem uma de suas características mais marcantes de norte a sul do país. Esta peculiaridade muito festejada na arquitetura moderna ainda pode e deve ser aproveitada contemporaneamente. Assim surge o conceito de invenção-em-continuidade (história) que aqui se busca aplicar.

A linha de raciocínio que nos orientou é que a cidade, enquanto Urbe categorizada em princípios irredutíveis está delimitada como um campo de forças definidos, contudo, ainda em mutação. As leis estão criadas, as instituições formadas, as forças definidas, não existe mais cidade no conceito construtivo. Assim, o urbanismo torna-se política e faz a mediação dos grupos de interesse da Urbe, religiosos, estudantes, comerciantes, atletas, trabalhadores, etc., cada um representa um grupo que busca afirmação na cidade. Ao urbanista cabe a mediação destes grupos, sendo o resto como arquitetura. Este raciocínio aqui em Pelotas se torna importante por se tratar de uma área em pleno desenvolvimento urbano da cidade da qual todos os grupos sociais devem ser estimulados a participar.

Assim, no projeto para a nova câmara de Pelotas estamos interessados no conceito grego de civitas (agremiação de pessoas de diferentes origens) ao contrário do conceito de polis (agremiação de pessoas com mesma origem). Lembrando que o modelo de governo democrático possui suas origens na Grécia, quando o debate público era exercido presencialmente pelos cidadãos gregos junto aos seus iguais, em praça pública, a ágora. Contudo esta ágora grega era pensada dentro da polis. Nosso projeto para a câmara busca se inserir em uma ágora pública enquanto civitas. Isso porque contemporaneamente, novas possibilidades de participação cidadã associadas ao uso das tecnologias digitais da informação estão se consolidando dentro do regime democrático brasileiro, ensejando o surgimento de um espaço público midiatizado e de diversas iniciativas ciberdemocráticas.